Era uma vez uma garotinha que aos 6 meses de vida foi
adotada por um casal muito especial. Esse casal tinha duas filhas e criava
outras três sobrinhas, todas com mais de 15 anos.
Crescendo entre adultos, ela foi “cobaia” das irmãs, principalmente da mais velha, que estudava Letras. Aos 5 anos já estava alfabetizada e ouvia muito rock dos anos 70 e 80, com um pouco de Tina Turner e Elton John no meio. Sempre foi incentivada a ler e percebeu que escrever era muito divertido. Ela começou a andar com cadernos pra lá e pra cá, fazendo anotações e sempre que alguém perguntava ela respondia “estou trabalhando no meu livro”. Embora para os adultos fosse algo engraçado, ela se levava muito a sério.
Era uma criança extremamente sociável e comunicativa. Viviam
perdendo ela de vista, pois estava sempre desaparecendo indo atrás de
desconhecidos pra conversar e “registrar suas histórias”. Era o que ela dizia -
A mãe que contava. Uma vez no mercado, ela sumiu por vários minutos e deixou os
pais apavorados. Apareceu no colo de uma senhora que ao entrega-la disse “cuide
bem dessa menina, eu quero ler os livros dela algum dia”.
No ensino médio ela fez uma monografia sobre contos, mitos e
lendas de terror. Encadernou parecendo um livro. Quase não conseguiu entregar,
porque sua mãe super orgulhosa sumiu com o trabalho, mostrando pra vizinhança
inteira “olha o livro da minha filha”. Era sua fã número um em tudo.
Sem dúvida ela cresceu muito incentivada a prosseguir com sua paixão
pela palavra escrita. Porém em algum momento essa garotinha esqueceu de si
mesma. E tornou-se uma adulta muito preocupada com o que todos os outros
adultos se preocupam, contas, carreira, formação e trabalho. E os planos e
sonhos de escrever livros ficaram encaixotados, literalmente, centenas de
cadernos e bloquinhos amontados em caixas na garagem dos pais.
Até que um dia ela perdeu a pessoa que mais a incentivou na vida,
sua mãe. E nesse momento, além da profunda tristeza, ela teve certeza que precisava
viver os próprios sonhos, honrando todo carinho e incentivo
que sempre recebeu.
E assim surgiu esse blog, que é um pequeno passo.
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